Sobre escrita...
- Cláudia Oliveira

- 9 de set.
- 3 min de leitura

Sabem? Cada vez mais tenho tido vontade de voltar ao blogue... a ter a escrita como meio de comunicar online.
Nos últimos anos, tenho notado que a minha forma e vontade de aparecer online vai-se mudando e moldando imenso. Também, devemos ser sinceros: as plataformas mudam, atualizam, pioram... e o mundo gira, como sempre girou. E nós ou acompanhamos ou não. É mais ou menos assim que é.
Eu ando nesta 'vidinha' — my little online life —, assim meio que a sério, desde 2011, altura em que criei o meu blogue "Crónicas de uma Cashier". Não foi o meu primeiro, mas foi o que marcou uma viragem na forma como me expressava e exprimia: online e não só. O "Crónicas de uma Cashier" nasceu enquanto eu andava na faculdade, entre estudos, trabalho e uma vontade enorme de contar as minhas histórias, de me expressar e exprimir. Havia muita vida fervilhante dentro de mim que teimava em jorrar; e nas teclas do computador encontrou o conforto que procurava; que eu procurei.
Vou-vos dizer: fui MUITO FELIZ no "Crónicas de uma Cashier". Foi nesse blogue onde comecei a escrever os contos que, cinco anos mais tarde, viriam a ser parte do meu primeiro livro, "Apocalipse de Memórias". Foi nesse blogue que descobri um primeiro plágio — de onde depois vieram muitos mais.
Foi onde comecei a descobrir a minha identidade de escrita e o que eu queria fazer como pessoa que escreve...
Foi o diário digital mais-que-necessário a uma menina-mulher que não sabia para onde crescer, em que moldes...
Foi há quase 10 anos que escrevi, editei e lancei sozinha o meu primeiro livro. E, este ano, no ano em que se aproxima o 10.º aniversário de uma das coisas mais bonitas que fiz e da qual me orgulho tanto, tenho pensado na rapidez com que o tempo passa. Vão fazer 10 anos e, se me perguntassem há 10 anos onde gostaria de estar hoje, a nível de escrita, diria que possivelmente me veria já a ter escrito quatro ou cinco livros mais.
Escrevi apenas mais um, ainda mais pessoal e mais restrito. Um livro infantil, de contos, para o meu sobrinho e irmã.
Gostei tanto que senti que era na escrita infantil onde o meu poiso aguardava.
Mas sabem que mais? Foi um engano total! A vida meteu-se pelo meio da escrita (ou foi a escrita que entrou pelo meio da vida?). Bem, a verdade é que pouco ou nada sabemos aos vinte e poucos anos, especialmente porque essa é a altura da vida em que achamos que temos tudo resolvido: não somos mais crianças, os nossos cérebros infantis já pensam como 'adultos' e achamos que o vigor da idade nos acompanhará em todas as etapas.
Calma: ainda me sinto jovem e vigorosa! Mas sei bem os meus limites. E, na altura, não sabia. Sabia apenas que tinha capacidades, vontades e um mundo enorme, que era a minha ostra.
Mas o mundo, a vida, prepara-nos para tanto mais...
Posto isso, e rodando o disco para tocar nova canção... o tempo passou, eu mudei — cresci —, e a vida foi acontecendo sem que eu me tornasse a escritora famosa e mundialmente lida que eu queria ser. Ainda arrisco dizer.
Ou apenas a escritora de poesias tristes e românticas, que alguns liam e outros adoravam.
Cojitei também a fantasia, ficção, romance... qualquer coisa que me mantivesse a escrever.
E percebi, com muita luta e bagunça emocional, que qualquer coisa me mantém a escrever, para ser honesta.
Nunca precisei de um motivo, de um dia, de uma data... eu queria escrever e fazia-o. Eu quero escrever e faço-o.
Se tão bem como o fazia há 10 anos? Espero que sim. Mas sei que com uma nova paixão e a mesma vontade de ser lida, devorada, compreendida através da escrita.
A escrita faz parte de mim como o braço que preciso para escrever. Somos una. Nunca nos havemos de separar porque não somos divisíveis.
E é muito difícil perdermos uma parte do que somos.
Prometo-me a mim mesma escrever mais. Porque é a mesma coisa que prometer a mim mesma cuidar mais de mim.
E prometo-me não me cobrar leituras, leitores e métricas.
A minha escrita levou-me onde nem sabia que podia ir, antes dos números, dos seguidores, dos likes e partilhas... Eu fui a Cláudia mais autêntica, a Cláudia mais real e feliz, quando escrevia para me expressar, num blogue universitário onde depositava todas as minhas queixas e queixumes da vida. Onde voava feliz e inocente no amor, menos no próprio. Onde o descobri, mais tarde, também.
Dou-me as boas-vindas, novamente. E sim, com o mesmo nome: "Crónicas de uma Cashier". Sinto que esse sempre foi o meu diário. E agora, de novo.
Àquilo que me faz feliz.
Vou-vos vendo em breve, por aqui.
C.






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