Honest Book Review | Uma Família Feliz: Raphel Montes
- Cláudia Oliveira

- 8 de set.
- 3 min de leitura
Uma Família Feliz
Por: Raphael Montes

Oh, a desilusão!
Estou mesmo triste; não gosto quando isto me acontece num livro.
Então não é que eu ia cheia de expetativa, com sede ao pote, depois do belíssimo livro que foi Jantar Secreto... e é isto que me dão? Este... livro?
Vamos lá ver... não é como se Família Feliz fosse anterior ao Jantar Secreto e, de repente, ele nem soubesse melhor... mas não: é literalmente o último livro que ele lançou...
A história:
– Eva, uma mulher que parece ter tudo: um casamento feliz com um advogado em ascensão, duas enteadas gémeas lindas e saudáveis, um trabalho de sucesso como fabricante de bebés reborn, uma boa reputação no condomínio de luxo onde vivem... e uma mania imensa!
Só de descrever a 'vida perfeita' de Eva, dá-me náuseas... é tão típico... tão típico daquelas novelas, de gente brasileira riquinha, patricinha, enfadonha... Só que aqui, a personagem não só nunca me prendeu, como, honestamente, me deu sono.
Continuando... a vida perfeitinha de Eva, como é óbvio, em breve terá uma reviravolta... e pronto.
Para ser honesta, acho que o que estragou mais o livro, além da história sonsa, foi o final estar todo no início.
Sim. O livro começa com a cena final. É uma burrice.
Eu ainda pensei que iria, de alguma forma, haver uma surpresa naquele final... não podia ser apenas isso! Tinham de nos dar MAIS!
Pode conter spoilers daqui em diante
Mas não... começa com uma cena, a meu ver, desnecessária, que é colocada ali, no início, por shock value. Só.
E depois, o livro desenrola-se de forma baralhada e confusa e culmina na mesma cena do início... sem explicar nada entretanto.
Um fim preguiçoso e apressado.
Ora, e o que é feito de todas as questões que nos levanta o livro? Não é possível que Raphael tenha resolvido tudo com "a miúda é a culpada". Porque tem MUITAS coisas que não batem certo aqui...
– Quem drogava Eva?– O que acontecia nos 'black-outs' que ela tinha?– O marido tinha amante ou não?– Era mesmo inapropriada a relação do pai com as meninas?– Porque é que ele as ameaçou?– A Ângela matou a mãe?– E as marcas dela vêm de onde? E se as marcas eram onde eram... a Ângela também abusava da irmã?– Porque é que ela não foi à polícia e enviou as imagens?– Como é que esta mulher ADULTA se deixa enganar por uma miúda de 10 anos, lhe mostra o único vídeo que tem em que prova a sua inocência...
É muita burrice junta.
Além disso, o livro podia ter tomado tantos rumos, tão mais interessantes... que às vezes sentia que ele ia lá dar, mas nunca deu...
– Os bebés reborn, que são inclusive imagem de capa... serviram de quê, na história? Podíamos ter tido uma história tipo "mãe m*ta filho e fica com reborn" ou algo do género... mas nem isso!
Sinto que todo o livro foi uma desilusão e que não fez muito sentido para o que eu estava à espera, mas talvez a expetativa fosse demasiado alta. Ou talvez o autor tenha achado que o simples facto de ter violência infantil era chocante o suficiente... mas sei lá, de todas as coisas que as pessoas veem no dia-a-dia... isto não me chocou por aí além...
Mas talvez possa ter sido porque Jantar Secreto me chocou de tal forma que eu esperava MESMO o pior.
Foi um 3 em 5, mas um 3 fraquinhooo.
Esperava mais, li ávidamente à espera de mais... fiquei ougada.
Não vou recomendar.






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