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Números, Métricas e Valores

Vocês sabem que, ultimamente, eu tenho usado esta rede social com menos frequência - já falei aqui ene vezes do desencorajamento, das métricas impossíveis e da falta de vontade que dá criar conteúdo hoje em dia. E a verdade é que, desde que me afastei dessa "necessidade" de criar para estas plataformas, que sinto uma maior liberdade nas coisas que faço na internet. Tenho menos a ansiedade de não cumprir para o meu público e, ainda assim, sinto que tem outras coisas que, tendo andado a lidar com este meio há quase 15 anos, ainda me deixam com uma sensação estranha de descumprimento e falha.


Nestes últimos dias, reparei que o meu número de seguidores baixou de 11 mil para dez mil e qualquer coisa.

Este número em si, vale zero no meu dia-a-dia e, embora até entenda que as pessoas possam ter deixado de se identificar com o conteúdo e parar de seguir, parece que fica um gosto a 'não fizeste alguma coisa bem'.


Se eu preciso desses seguidores todos para que o meu trabalho e a minha pessoa sejam válidos? NÃO.

Se me incomodou durante uns dias? SIM.


Mas vejamos:

nestes últimos três anos, eu tenho focado o cerne do meu trabalho e do meu rendimento, FORA das redes sociais. Com isto, atenção, não quero dizer FORA DA INTERNET, pois a internet é um dos meus meios principais de trabalho - senão O meio principal. Mas tenho trabalhado para que o meu trabalho, mesmo que dependente da internet, não seja dependente da minha rede social, nem do que eu partilho por lá. E tem resultado (umas vezes melhor que outras, que é o que acontece com quem trabalha para si mesmo).

Só que, de alguma forma, aquele número baixar, mexeu comigo. PORQUÊ?


Será que eu não estarei a ser suficiente? Será que o público já não gosta do meu conteúdo? A minha 'persona' online só era 'gostável' quando eu estava presente online SEMPRE? Ou quando eu produzia um conteúdo mais 'apetecível' às massas?


Pensemos: o meu valor NÃO vem da minha rede social nem do conteúdo que partilho nela. Isso NÃO É AQUILO QUE SOU.

Contudo, não posso mentir e dizer que não me custou chegar lá e que, ver o numero baixar, é como se fosse uma desvalorização do que faço e do que sou, consequentemente.


E QUEREM SABER ONDE É QUE ISSO ESTÁ ERRADO?

BEM AÍ. Nesta ideia de que esse número de pessoas que me seguem, define o valor que o meu trabalho tem.


Eu continuo a trabalhar, a dar os meus cursos e workshops e, reparei ontem, que mesmo com os seguidores a baixar, eu tive em 2 dias de inscrições, mais alunas a inscrever-se do que nas edições anteriores.

Isto fala mais sobre o meu trabalho e a qualidade dele, do que o meu número de seguidores? FALA. Fala mais sobre o público que eu consegui angariar nestes anos todos de trabalho nas redes? FALA.


Se eu pensar bem (e nem preciso pensar muito), as pessoas que me apoiaram sempre foram as mesmas, deste lado. Mais ou menos seguidores, sempre tive um nicho bem definido de pessoas que gostavam do que eu partilhava, interagiam, partilhavam e apoiavam. Como eu faço com TANTAS e ene contas que, embora não tendo os números e as métricas, são reais e cujos negócios e projetos são inspiradores e, acima de tudo, de confiança.


Mas em verdade, ao falar de trabalho, tenho de falar do trabalho que só acontece com a exposição nas redes. "E se as marcas com quem trabalho sentirem que essa baixa nos seguidores afeta os meus resultados?" "E se aquele número definir a minha capacidade de obter trabalho?".

É aí que nasce o sentimento de culpa, penso. Mas, mesmo aí, eu sei lá no fundo que não afeta. Novamente porque, quem sempre acompanhou, quem sabe que o que recomendo é porque acredito, quem viu acontecer foram os mesmos que continuam a aparecer, a interagir.


Tenho vindo a dizer que não quero sentir esta 'culpa' de não estar tão presente online, porque na verdade eu já não me identifico tanto com a 'estética' atual e nem gosto, muitas vezes, do que isso nos 'obriga' a ser e a mostrar. E a única forma que eu tenho de mudar isso, é mudando a forma como apareço EU, nas minhas redes. E isso inclui a frequência que me faça sentir confortável.

Se isso afeta os meus números e métricas, sei eu que não afeta o meu valor e trabalho.


Houve uma altura em que essa pressão desnecessária me levou a confusão sobre quem eu era, onde eu estava e o que eu gostava de fazer.

Mas já não sinto essa confusão. Sei muito bem, estou muito confortável e gosto de saber onde estou.


A comunidade pode ir diminuindo, mas segura de que se mantém quem realmente quer saber. Mais do que quem quer ver um número.


Na internet, como na vida, quero é ser leve, feliz e realizada. Em mim, no meu trabalho e nas minhas coisas.

Tudo é uma parte de um todo. Até esses números, que levemente vão-se dissipando...


Era isto.

Obrigada por estarem desse lado. A quem lê, a quem ouve, a quem interage.


Beijinhos

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